O Mangá no Brasil
A popularidade do
estilo japonês de desenhar é marcante, também pela grande
quantidade de japoneses e descendentes residentes no país. Já na
década de 1960, alguns autores descendentes de japoneses, como
Minami Keizi e Claudio Seto, começaram a utilizar influências
gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em seus trabalhos na
editora EDREL (Editora de Revistas e Livros) fundada por Keizi.
A primeira
publicação brasileira a citar os mangás japoneses foi um livro da
EDREL: "A técnica universal das histórias em quadrinhos"
de Fernando Ikoma, autor que só teve contatos com os quadrinhos
japoneses quando foi trabalhar na editora, na época Seto e Keizi
foram aconselhados a mudar o traço mangá para estilos ocidentais.
A EDREL teve
muitos problemas com a censura do Regime Militar por conta dos
quadrinhos eróticos publicados pela Editora, nessa época Seto cria
a Maria Erótica.
Em Meados da
década de 1970, foram publicadas as primeiras histórias em
quadrinhos baseadas em uma produção japonesa, era Speed Racer (Mach
Go Go no original), cuja série de anime foi exibida no programa do
Capitão Aza , foram publicadas pela Editora Abril, as histórias
eram oriundas da revista Meteoro da Editorial Abril da Argentina,
editora fundada por Cesar Civita, irmão de Victor Civita, criador da
Editora Abril brasileira, a revista brasileira também publicaria
histórias produzidas por artistas locais. O mangá original do
piloto, só seria publicado país na década de 2000.
Em 1978, Claudio
Seto convenceu Faruk El Kathib, dono da Grafipar, editora de livros
vendidos de porta em porta de Curítiba, Seto se mudará para
Curítiba três anos antes, onde trabalhou como ilustrador em um
jornal, na Grafipar, Seto trouxe de volta a Maria Erótica.
Nos anos 80, os
tokusatsus (as séries de super-herói em live-action) fizeram
bastante sucesso no Brasil, em 1982, a Grafipar (pelo selo Bico de
Pena) lançou duas revistas em formatinho no estilo mangá,
Super-Pinóquio de Claudio Seto (nitidamente baseado em Astro Boy e
em Pinóquio de Carlo Collodi) e Robô Gigante (que continua duas
histórias: uma sobre um robô gigante por Watson Portela e Ultraboy,
uma espécie de Ultraman brasileiro de Franco de Rosa, ambas as
revistas tiveram apenas uma edição).
Pela Nova Sampa,
o casal Ataide Braz e Neide Harue lançam a série "Dracula A
Sombra da Noite", a série era influenciada pelo livro Drácula
de Bram Stoker.
A Bloch Editores
publicou versão não oficial de Spectreman, desenhada por Eduardo
Vetillo, a revista era produzida no estilo dos comics de
super-heróis. (Spectreman também possuía um mangá no Japão,
produzido por Daiji Kazumine).
No final da
década de 1980 e início da década de 1990 foram lançadas revistas
em quadrinhos licenciadas das séries Jaspion, Maskman, Changeman,
Spielvan, inicialmente pela EBAL e depois pela Bloch (que lançou uma
fotonovela de Jaspion) e editora Abril que na revista Heróis da TV
(que também publicou Black Kamen Rider e Cybercop), única das
séries que não pertencia a Toei Company) , todas produzidas por
artistas brasileiros do Studio Velpa.
Tal qual a
revista do Spectreman, essas também seguiam o padrão dos comics ,
entretanto, vários dos artistas que participaram dessas publicações
publicaram HQs no estilo mangá[27] [28] . Ainda nos 80, foram
licenciados os primeiros mangás japoneses originais, esses títulos
foram publicados em vários formatos diferentes e com as páginas
espelhadas (da esquerda para direita) .
Alguns clássicos
foram publicados nos anos 80 e começo dos anos 90 sem tanto
destaque, como Lobo Solitário em 1988 pela Editora Cedibra, primeiro
mangá lançado no Brasil, Akira pela Editora Globo, Crying Freeman,
pela Nova Sampa, A Lenda de Kamui (Sanpei Shirato) e Mai - Garota
Sensitiva pela Editora Abril, Cobra pela Dealer.
É criada em 3 de
fevereiro de 1984 a Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá
e Ilustrações, no mesmo ano Osamu Tezuka visita o Brasil e é
apresentado a uma exposição com artes de vários artistas
brasileiros, algum tempo depois Tezuka conhece o brasileiro Mauricio
de Sousa com que estabelece uma amizade, ambos planejam um crossover
entre seus personagens em longa-metragem de animação, o projeto foi
engavetado após a morte de Tezuka em 1989.
O grande "boom"
de animes e mangás no Brasil veio em 1994, com o sucesso de Os
Cavaleiros do Zodíaco de Masami Kurumada exibido pela Rede Manchete,
várias revistas informativas como a Revista Herói (publicada em
conjunto pela Acme e a Nova Sampa), surgem também as primeiras
revista exclusivas sobre animes e mangás como a Japan Fury e Animax.
Um grande número
de fanzines e revistas em quadrinhos baseados em animes e mangás
surgem, a Magnum (editora que publicava a revista Animax) publica a
revista Hypercomix (revista com paródias de franquias japonesas, nos
moldes da revista MAD) e Megaman (adaptação do jogo eletrônico
homônimo), ambas produzidas por artistas brasileiros (com exceção
de Daniel HDR que trabalhava para a Marvel Comics, vários artistas
fizeram estréia profissional nessas revistas, como a desenhista
Érica Awano) .
A Editora Escala
também publica uma revista baseada numa franquia de video games,
Street Fighter (pertencente à Capcom, mesma proprietária de
Megaman), a revista trazia artistas que participaram da revista "O
Fantástico Jáspion" e Heróis da TV da Editora Abril (Marcelo
Cassaro, Alexandre Nagado, Arthur Garcia, entre outros) e apresentava
um estilo híbrido entre os quadrinhos americanos e os mangás.
Ainda em 1994,
Marcelo Cassaro sai da Editora Escala e vai trabalhar na Editora
Trama, lá cria a revista Dragão Brasil e o sistema de RPG,
Defensores de Tóquio, o jogo satiriza franquias japonesas de mangás,
animes e tokusatus. Pela Trama vária de seus projetos apresentados
na revista viraram histórias em quadrinhos, como Holy Avenger.
Em 1998, a
editora Animangá lança Ranma ½, primeiro título adolescente
(shonen) publicado no Brasil, as edições seguiam o padrão usado
pela editora Viz (formato americano, lombada com grampos, leitura
ocidental) e tinha uma periodicidade irregular, a tradução ficou a
cargo de Cristiane Akune da Abrademi. Nesse mesmo ano, a Editora
Trama lança uma minissérie Street Fighter Zero com roteiros de
Marcelo Cassaro e arte de Érica Awano.
Em 1999, Marcelo
Cassaro lança pela Trama, a revista Holy Avenger, (baseada uma
aventura de RPG publicada na revista em 1998) com arte de Érica
Awano, tornando o título de "mangá brasileiro" mais
longevo até então.
O grande marco da
publicação de mangás no Brasil aconteceu por volta de dezembro de
2000, com o lançamento dos títulos Samurai X, Dragon Ball e
Cavaleiros do Zodíaco pelas editoras JBC e a Conrad (antiga Editora
Acme). O diferencial desses títulos era dessa vez os mangás eram
publicados da direita para a esquerda, lombada quadrada,
meio-tankohon (metade das páginas de um volume japonês) e em dois
formatos: de bolso (usado pela JBC) e formatinho (adotado pela
Conrad). Nessa época, a editora Escala lançou antologias inspiradas
nas revistas japonesas e mesclava material de artistas veteranos como
Claudio Seto, Mozart Couto e Watson Portela com o de aspirantes a
quadrinistas, além de lançar vários manuais de Como Desenhar no
Estilo mangá.
Fábio Yabu lança
revistas em quadrinhos de seus Combo Rangers, uma webcomics que
satiriza produções japonesas (sobretudo os super sentais) lançada
em 1998. Em 2002, Editora Cristal lança a primeira adaptação em
estilo mangá, "O Pequeno Ninja Mangá" (originalmente uma
revista infantil do início da década de 1990).
Em 2003, Cassaro
publicaria pela Mythos Editora, Dungeon Crawlers com arte de Daniel
HDR e uma reedição de Holy Avenger[50] . Nesse mesmo ano, Franco de
Rosa negocia com a King Features Syndicate, uma versão mangá de O
Fantasma, com a recusa da empresa, lança pelo selo Mangájin da
editora Minuano,o herói Fantagor, desenhado por Pierre Vargas e que
teve apenas uma edição .
No mesmo ano, a
Via Lettera publicou o álbum "Mangá Tropical, com trabalhos de
Marcelo Cassaro e Erica Awano, Fábio Yabu e Daniel HDR, Alexandre
Nagado, Arthur Garcia e Silvio Spotti, Elza Keiko e Eduardo Müller,
Rodrigo de Góes, Denise Akemi e prefácio de Sônia Luyten .
Com o aumento dos
títulos originais japoneses, sobretudo com o lançamento do selo
Planet Manga da italiana Panini Comics em 2002 (com a publicação de
Gundam Wing), que licenciou os sucessos Naruto e Bleach, os títulos
brasileiros diminuem.
Em 2008, Mauricio
de Sousa e a esposa Alice Takeda (que é descendente de japoneses)
são escolhidos para criar mascotes para o Centenário da imigração
japonesa ao Brasil e anuncia o lançamento de Turma da Mônica Jovem
(versão mangá adolescente da Turma da Mônica)[59] faz surgir
várias revistas similares, os chamados "Mangás Jovens" são eles Luluzinha Teen (versão adolescente da Turma da
Luluzinha) e Didi & Lili - Geração Mangá (baseado na
personagem Didi Mocó de Renato Aragão e na filha dele Lívian
Aragão, a Lili), em 2009 e 2010 respectivamente.
No fim de 2009,
começaram a ser lançados mangás didáticos, com a série O Guia
Mangá, da editora Novatec, publicados originalmente pela editora
Ohmsha como The Manga Guide.
Em 2010, o Studio
Seasons publica uma versão encadernada de Zucker pela Newpop
Editora, mangá publicando na revista informátiva Neo Tokyo da
Editora Escala.
Mauricio de Sousa
anuncia seu estúdio estaria realizando um antigo projeto, uma
história em quadrinhos com suas personagens e as de Osamu Tezuka. Em
Julho do mesmo ano, a HQM Editora publica os mangás Vitral e O
Príncipe do Best Seller do Futago Studio .
Em 2011, o
jornalista e ilustrador Alexandre Lancaster lança uma editora
própria a Lancaster Editorial, a editora lança o Almanaque Ação
Magazine, uma nova tentativa de implantar uma antologia de mangá
brasileira, Alexandre, outrora redator do site Anime Pró e da
revista Neo Tokyo, já havia lançado o projeto Ação Total no
formato webcomics, hospedado no site Anime Pró, porém o projeto foi
cancelado.
Julho do mesmo
ano, o roteirista JM Trevisan (que ao lado de Marcelo Cassaro e
Rogério Saladino forma o Trio Tormenta) e o desenhista Lobo Borges,
lança a webcomic "Ledd", uma nova HQ ambientada no
universo ficcional de Tormenta (o mesmo de Holy Avenger e Dungeon
Crawlers), o objetivo da dupla é lançar os episódios encadernados
pela Jambô Editora (semelhante ao que acontece com Combo Rangers).
Na internet se destaca o coletivo de Mangás Conexão Nanquim
(Resultado da fusão entre a Revista Digital Nanquim e o Almanaque
Conexão HQ), que reúne hístórias de autores nacionais de
webcomics, entre eles Yuri Landin e Max Andrade autor que lançou o
primeiro mangá nacional totalmente financiado pelos fãs.
Inicialmente
criada uma editora de livros de RPG, a Jambô fez sua estreia no
mercado de quadrinhos em 2011 publicando a versão encadernada de
DBride, também ambientanda em Tormenta e publicada originalmente na
revista Dragon Slayer da Editora Escala.
Fonte: Wikipédia
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