sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O Mangá no Brasil


A popularidade do estilo japonês de desenhar é marcante, também pela grande quantidade de japoneses e descendentes residentes no país. Já na década de 1960, alguns autores descendentes de japoneses, como Minami Keizi e Claudio Seto, começaram a utilizar influências gráficas, narrativas ou temáticas de mangá em seus trabalhos na editora EDREL (Editora de Revistas e Livros) fundada por Keizi.
A primeira publicação brasileira a citar os mangás japoneses foi um livro da EDREL: "A técnica universal das histórias em quadrinhos" de Fernando Ikoma, autor que só teve contatos com os quadrinhos japoneses quando foi trabalhar na editora, na época Seto e Keizi foram aconselhados a mudar o traço mangá para estilos ocidentais.
A EDREL teve muitos problemas com a censura do Regime Militar por conta dos quadrinhos eróticos publicados pela Editora, nessa época Seto cria a Maria Erótica.
Em Meados da década de 1970, foram publicadas as primeiras histórias em quadrinhos baseadas em uma produção japonesa, era Speed Racer (Mach Go Go no original), cuja série de anime foi exibida no programa do Capitão Aza , foram publicadas pela Editora Abril, as histórias eram oriundas da revista Meteoro da Editorial Abril da Argentina, editora fundada por Cesar Civita, irmão de Victor Civita, criador da Editora Abril brasileira, a revista brasileira também publicaria histórias produzidas por artistas locais. O mangá original do piloto, só seria publicado país na década de 2000.
Em 1978, Claudio Seto convenceu Faruk El Kathib, dono da Grafipar, editora de livros vendidos de porta em porta de Curítiba, Seto se mudará para Curítiba três anos antes, onde trabalhou como ilustrador em um jornal, na Grafipar, Seto trouxe de volta a Maria Erótica.
Nos anos 80, os tokusatsus (as séries de super-herói em live-action) fizeram bastante sucesso no Brasil, em 1982, a Grafipar (pelo selo Bico de Pena) lançou duas revistas em formatinho no estilo mangá, Super-Pinóquio de Claudio Seto (nitidamente baseado em Astro Boy e em Pinóquio de Carlo Collodi) e Robô Gigante (que continua duas histórias: uma sobre um robô gigante por Watson Portela e Ultraboy, uma espécie de Ultraman brasileiro de Franco de Rosa, ambas as revistas tiveram apenas uma edição).
Pela Nova Sampa, o casal Ataide Braz e Neide Harue lançam a série "Dracula A Sombra da Noite", a série era influenciada pelo livro Drácula de Bram Stoker.
A Bloch Editores publicou versão não oficial de Spectreman, desenhada por Eduardo Vetillo, a revista era produzida no estilo dos comics de super-heróis. (Spectreman também possuía um mangá no Japão, produzido por Daiji Kazumine).
No final da década de 1980 e início da década de 1990 foram lançadas revistas em quadrinhos licenciadas das séries Jaspion, Maskman, Changeman, Spielvan, inicialmente pela EBAL e depois pela Bloch (que lançou uma fotonovela de Jaspion) e editora Abril que na revista Heróis da TV (que também publicou Black Kamen Rider e Cybercop), única das séries que não pertencia a Toei Company) , todas produzidas por artistas brasileiros do Studio Velpa.
Tal qual a revista do Spectreman, essas também seguiam o padrão dos comics , entretanto, vários dos artistas que participaram dessas publicações publicaram HQs no estilo mangá[27] [28] . Ainda nos 80, foram licenciados os primeiros mangás japoneses originais, esses títulos foram publicados em vários formatos diferentes e com as páginas espelhadas (da esquerda para direita) .
Alguns clássicos foram publicados nos anos 80 e começo dos anos 90 sem tanto destaque, como Lobo Solitário em 1988 pela Editora Cedibra, primeiro mangá lançado no Brasil, Akira pela Editora Globo, Crying Freeman, pela Nova Sampa, A Lenda de Kamui (Sanpei Shirato) e Mai - Garota Sensitiva pela Editora Abril, Cobra pela Dealer.
É criada em 3 de fevereiro de 1984 a Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações, no mesmo ano Osamu Tezuka visita o Brasil e é apresentado a uma exposição com artes de vários artistas brasileiros, algum tempo depois Tezuka conhece o brasileiro Mauricio de Sousa com que estabelece uma amizade, ambos planejam um crossover entre seus personagens em longa-metragem de animação, o projeto foi engavetado após a morte de Tezuka em 1989.
O grande "boom" de animes e mangás no Brasil veio em 1994, com o sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco de Masami Kurumada exibido pela Rede Manchete, várias revistas informativas como a Revista Herói (publicada em conjunto pela Acme e a Nova Sampa), surgem também as primeiras revista exclusivas sobre animes e mangás como a Japan Fury e Animax.
Um grande número de fanzines e revistas em quadrinhos baseados em animes e mangás surgem, a Magnum (editora que publicava a revista Animax) publica a revista Hypercomix (revista com paródias de franquias japonesas, nos moldes da revista MAD) e Megaman (adaptação do jogo eletrônico homônimo), ambas produzidas por artistas brasileiros (com exceção de Daniel HDR que trabalhava para a Marvel Comics, vários artistas fizeram estréia profissional nessas revistas, como a desenhista Érica Awano) .
A Editora Escala também publica uma revista baseada numa franquia de video games, Street Fighter (pertencente à Capcom, mesma proprietária de Megaman), a revista trazia artistas que participaram da revista "O Fantástico Jáspion" e Heróis da TV da Editora Abril (Marcelo Cassaro, Alexandre Nagado, Arthur Garcia, entre outros) e apresentava um estilo híbrido entre os quadrinhos americanos e os mangás.
Ainda em 1994, Marcelo Cassaro sai da Editora Escala e vai trabalhar na Editora Trama, lá cria a revista Dragão Brasil e o sistema de RPG, Defensores de Tóquio, o jogo satiriza franquias japonesas de mangás, animes e tokusatus. Pela Trama vária de seus projetos apresentados na revista viraram histórias em quadrinhos, como Holy Avenger.
Em 1998, a editora Animangá lança Ranma ½, primeiro título adolescente (shonen) publicado no Brasil, as edições seguiam o padrão usado pela editora Viz (formato americano, lombada com grampos, leitura ocidental) e tinha uma periodicidade irregular, a tradução ficou a cargo de Cristiane Akune da Abrademi. Nesse mesmo ano, a Editora Trama lança uma minissérie Street Fighter Zero com roteiros de Marcelo Cassaro e arte de Érica Awano.
Em 1999, Marcelo Cassaro lança pela Trama, a revista Holy Avenger, (baseada uma aventura de RPG publicada na revista em 1998) com arte de Érica Awano, tornando o título de "mangá brasileiro" mais longevo até então.
O grande marco da publicação de mangás no Brasil aconteceu por volta de dezembro de 2000, com o lançamento dos títulos Samurai X, Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco pelas editoras JBC e a Conrad (antiga Editora Acme). O diferencial desses títulos era dessa vez os mangás eram publicados da direita para a esquerda, lombada quadrada, meio-tankohon (metade das páginas de um volume japonês) e em dois formatos: de bolso (usado pela JBC) e formatinho (adotado pela Conrad). Nessa época, a editora Escala lançou antologias inspiradas nas revistas japonesas e mesclava material de artistas veteranos como Claudio Seto, Mozart Couto e Watson Portela com o de aspirantes a quadrinistas, além de lançar vários manuais de Como Desenhar no Estilo mangá.
Fábio Yabu lança revistas em quadrinhos de seus Combo Rangers, uma webcomics que satiriza produções japonesas (sobretudo os super sentais) lançada em 1998. Em 2002, Editora Cristal lança a primeira adaptação em estilo mangá, "O Pequeno Ninja Mangá" (originalmente uma revista infantil do início da década de 1990).
Em 2003, Cassaro publicaria pela Mythos Editora, Dungeon Crawlers com arte de Daniel HDR e uma reedição de Holy Avenger[50] . Nesse mesmo ano, Franco de Rosa negocia com a King Features Syndicate, uma versão mangá de O Fantasma, com a recusa da empresa, lança pelo selo Mangájin da editora Minuano,o herói Fantagor, desenhado por Pierre Vargas e que teve apenas uma edição .
No mesmo ano, a Via Lettera publicou o álbum "Mangá Tropical, com trabalhos de Marcelo Cassaro e Erica Awano, Fábio Yabu e Daniel HDR, Alexandre Nagado, Arthur Garcia e Silvio Spotti, Elza Keiko e Eduardo Müller, Rodrigo de Góes, Denise Akemi e prefácio de Sônia Luyten .
Com o aumento dos títulos originais japoneses, sobretudo com o lançamento do selo Planet Manga da italiana Panini Comics em 2002 (com a publicação de Gundam Wing), que licenciou os sucessos Naruto e Bleach, os títulos brasileiros diminuem.
Em 2008, Mauricio de Sousa e a esposa Alice Takeda (que é descendente de japoneses) são escolhidos para criar mascotes para o Centenário da imigração japonesa ao Brasil e anuncia o lançamento de Turma da Mônica Jovem (versão mangá adolescente da Turma da Mônica)[59] faz surgir várias revistas similares, os chamados "Mangás Jovens" são eles Luluzinha Teen (versão adolescente da Turma da Luluzinha) e Didi & Lili - Geração Mangá (baseado na personagem Didi Mocó de Renato Aragão e na filha dele Lívian Aragão, a Lili), em 2009 e 2010 respectivamente.
No fim de 2009, começaram a ser lançados mangás didáticos, com a série O Guia Mangá, da editora Novatec, publicados originalmente pela editora Ohmsha como The Manga Guide.
Em 2010, o Studio Seasons publica uma versão encadernada de Zucker pela Newpop Editora, mangá publicando na revista informátiva Neo Tokyo da Editora Escala.
Mauricio de Sousa anuncia seu estúdio estaria realizando um antigo projeto, uma história em quadrinhos com suas personagens e as de Osamu Tezuka. Em Julho do mesmo ano, a HQM Editora publica os mangás Vitral e O Príncipe do Best Seller do Futago Studio .
Em 2011, o jornalista e ilustrador Alexandre Lancaster lança uma editora própria a Lancaster Editorial, a editora lança o Almanaque Ação Magazine, uma nova tentativa de implantar uma antologia de mangá brasileira, Alexandre, outrora redator do site Anime Pró e da revista Neo Tokyo, já havia lançado o projeto Ação Total no formato webcomics, hospedado no site Anime Pró, porém o projeto foi cancelado.
Julho do mesmo ano, o roteirista JM Trevisan (que ao lado de Marcelo Cassaro e Rogério Saladino forma o Trio Tormenta) e o desenhista Lobo Borges, lança a webcomic "Ledd", uma nova HQ ambientada no universo ficcional de Tormenta (o mesmo de Holy Avenger e Dungeon Crawlers), o objetivo da dupla é lançar os episódios encadernados pela Jambô Editora (semelhante ao que acontece com Combo Rangers). Na internet se destaca o coletivo de Mangás Conexão Nanquim (Resultado da fusão entre a Revista Digital Nanquim e o Almanaque Conexão HQ), que reúne hístórias de autores nacionais de webcomics, entre eles Yuri Landin e Max Andrade autor que lançou o primeiro mangá nacional totalmente financiado pelos fãs.
Inicialmente criada uma editora de livros de RPG, a Jambô fez sua estreia no mercado de quadrinhos em 2011 publicando a versão encadernada de DBride, também ambientanda em Tormenta e publicada originalmente na revista Dragon Slayer da Editora Escala.
Fonte: Wikipédia

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